domingo, 9 de novembro de 2008

Esta é a história de um sorriso, ou melhor, de uma cara que tinha um sorriso demasiado grande. Não se pense que os sorrisos são sempre bons, há momentos em que um sorriso pode ser um grande embaraço, sobretudo se for um sorriso tonto, despropositado, ou até grande demais, como é o caso do sorriso desta nossa história. Querem ouvir? É muito simples:

Era uma vez cara muito simpática, que exibia constantemente um grande sorriso. E fazia-o porque era uma cara muito feliz. Não sabia chorar, não sabia o que era a tristeza e portanto, como não tinha motivos para estar triste, nem sequer assim-assim, passava a vida a sorrir.

E porque assim era, o sorriso cresceu, dia após dia, cada vez mais, até se tornar num sorriso gigante. E nesse dia a cara reparou que o sorriso já era tão grande, que tinha deixado de caber na cara. Na verdade, o nariz já desaparecera e a cara, quando queria enviar uma mensagem pelo telemóvel já não metia o tracinho do nariz porque passara a fazer o boneco (que se chama smiley) apenas assim :D (como numa gargalhada) em fez de o fazer assim :-).

Mas, como aquela cara não sabia o que era estar triste, nem assim-assim, continuava a rir, mostrando duas fileiras inteirinhas de dentes brancos, sempre impecavelmente lavados e escovados.

O problema foi que o sorriso não parou de crescer. Primeiro era do tamanho de um quarto de maçã, depois passou a ser como uma fatia de meloa, depois como uma fatia de melão, depois como a lua a crescer no céu e, por fim, já era do tamanho de uma fatia daquelas bem vermelhinhas de melancia fresquinha. E com isso o nariz ficou definitivamente sem espaço na cara.

Mas o mais desconfortável era que se algum menino ou alguma menina caíam no recreio, a cara lá estava a sorrir. Ou quando a professora ralhava, a cara lá estava com a sua fatia de melancia muito certinha. E quando a cara queria dormir, o sorriso não cabia na almofada, e os bons sonhos fugiam com medo de serem engolidos. A cara começou a ficar seriamente preocupada, claro, mas no entanto não conseguia parar de rir.

De tão preocupada que estava, a cara consultou os melhores médicos, que não descobriam contudo nenhuma solução. E então os melhores médicos chamaram os melhores sábios e estes, ao avistarem o sorriso, quase se riam também, mas não tinham nenhum remédio.

Foi então que um dia, quando já todos tinham medo de ficar contagiados por aquele sorriso, que um menino se aproximou da cara, piscou-lhe o olho e contou-lhe uma anedota. A anedota mais tonta do mundo. A cara não se riu, porque a anedota era mesmo tonta. E por isso, o menino contou outra anedota, quase tão tonta como a primeira. E outra. Foi então que o nariz apareceu, primeiro muito timidamente e depois já mais destacado naquela cara que afinal também tinha bochechas, e muito rosadas por sinal!

O menino estendeu então a mão e tocou a bochecha direita, primeiro com a ponta dos dedos e depois com a palma da mão. O riso transformou-se em sorriso e os lábios fecharam-se. A cara, pela primeira vez sentiu os seus lábios a tocarem-se um no outro e conseguiu dar um beijo no menino.

O menino ficou encantado com a cara, que afinal era de uma linda menina, com tranças que apenas cheiravam levemente a melancia. O menino deu a mão à menina. A menina gostou da mão do menino. O menino deu-lhe a outra mão e ambos sorriram ao mesmo tempo.

Exercícios:

  1. Dá um título à história

  2. Desenha o riso grande da menina

  3. Dá um beijinho ao teu pai ou à tua mãe (ou aos dois) como farias se fosse a primeira vez que o desses

  4. Lava muito bem os dentes esta noite

  5. Depois de lavares os dentes, faz uma careta ao espelho com o maior sorriso que conseguires